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Imagem/Luvanor N.Alves |
Tenho absoluta certeza que não sou o único leitor
que recebe mais de um par de olhares críticos quando visto na companhia de um
livro. Que fique claro para aqueles que não costumam ler: pessoas ‘passeando’
com um livro não significa que elas não sabem ir até a esquina sozinhas. A
tradução para esse hábito se resume ao fato de que a maioria dos que gostam de
ler são portadores da Gutembergomania* – isso até soa como
pleonasmo – mas a minha explicação é essa. Quem já sentou no vaso de um
banheiro público ou da própria casa procurando desesperadamente o rótulo de
algum produto para ler sabe do que estou falando. Hoje em dia as pessoas levam
seus smartfhones, mas honestamente, acho super anti-higiênico. Ao menos os
rótulos dos produtos já estão lá e você não vai carrega-los por ai depois. O
fato é que: ler é sem dúvida mais interessante que olhar aquela parede pálida
dos correios, observar a movimentação das pessoas em um Banco ou dar atenção
aquele (a) tagarela que senta ao seu lado no ônibus e começa a verbalizar os
dramas em sua vida. Fui claro?
Mas, chegando aos vizinhos mencionados no título,
acho no mínimo perturbador que o pensamento de alguns deles sejam estranhar
qualquer pessoa que expresse o gosto pela leitura. Depois reclamam quando os
filhos vão mal no ENEM...Não que ser leitor voraz vá garantir sucesso absoluto
no exame, mas... Ajuda bastante! Os depoimentos dos estudantes “livros para
toda hora” estão ai nas reportagens para quem quiser ler – isso mesmo, LER!
Sei que meu artigo parece de cunho muito pessoal,
mas de certa forma não é. Estou realmente expressando o caso de forma geral,
embora exemplificar minha vizinha censurando a filha toda vez que a pega
falando sobre livros seja suspeito. E já que estou falando em culpa, vou logo
bancar a Agatha Christie e apresentar o crime: outro dia ouvi da mulher a
seguinte frase: “Esse negócio [sim, ela disse negócio] de ficar
lendo livro só endoida as pessoas, isso é coisa de gente estranha”.
Isso poderia fortalecer que ler no Brasil é raro,
mas encontrar o incentivo em casa é mais raro ainda. Pobres dos alunos se não
fossem as escolas, que mesmo precárias, abrem as portas para o caminho das
palavras com reflexo de um futuro. Entra nos corredores errados quem quer, ou
quem nunca teve a chance. Aos que se enveredam por esse caminho, mas pendem
pela falta de estímulo... Força!
Quem ler um livro de ficção hoje, pode ler um livro
acadêmico melhor amanhã, interessar-se por conteúdos do noticiário no dia
seguinte e assim vai. Quem lê entende, expressa, argumenta, aprende. Quem lê
viaja, se concentra, é tudo de bom... Estranho é você sem essa “educação”, que
peca pelo desprazer das boas palavras – pena, né?! Pura ingratidão...
Este artigo é dedicado aos “vizinhos” que acham
leitores estranhos. Porque fazer o que todo mundo faz é a pura normalidade. E
se ler, que é o que todos deveriam, não é hábito comum, estranho ganha novo
significado a quem não o pratica. E isso põe quem não lê em outro patamar...
por evidência, bem baixo!
*Dependência
patológica pela palavra impressa
Por Carl
Alex
Você e o Luvanor são perfeitos.
ResponderExcluirComo podem escrever tão bem?
Abraços!!!
Hashasahs. Obrigado, Fernando!
ResponderExcluirhahahaha' Adoro esse seu jeito de expor os fatos, ao mesmo tempo que relata e constrói o discurso dá as suas alfinetadas como ninguém. rs Essa dupla de poderosos escritores só tem a contribuir.
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