A GUERRA DOS TRONOS, de George R.R. Martin

As Crônicas de Gelo e Fogo - A Guerra dos Tronos - está entre os melhores livros que já li. Afirmo de início que George R.R. Martin, além de inovar a fantasia medieval explorando o realismo do enredo a um nível superior ao padrão deste gênero, ainda empregou na obra, atrativo capaz de agradar os mais diferentes tipos de leitores – exceto, talvez, aqueles que apreciam conteúdos mais leves – já que em A Guerra dos Tronos o recheio dos acontecimentos está muitas vezes a par do acaso, e tudo pode acontecer!

Ao todo serão sete livros, com cinco já publicados. Neste primeiro volume a trama principal gira em torno dos Lannisters e Starks, duas famílias dos Sete Reinos, localizados em Westeros, continente criado pelo autor, onde verão e inverno podem durar décadas, criaturas fantásticas fazer parte dos seres conhecidos e forças sobrenaturais habitarem o lugar.

Na história de partida, temos o Rei Robert Baratheon seguindo com sua comitiva a Winterfell, território ao Norte governado por seu amigo Ned Stark, patriarca do clã cujo símbolo da casa é o lobo. Robert convida Ned a morar na corte para ser “Mão do Rei” – cargo de grande importância que lhe permite aconselhar o monarca e governar em sua ausência.

A princípio Ned Stark pretende recusar a oferta do amigo, mas o rumor de que o antigo conselheiro, Jon Arryn, fora assassinado, desperta sua curiosidade. Ele teme que o rei esteja envolvido em uma rede de intrigas e interesses comandada pela Rainha, Cersei Lannister, e na intenção de proteger seu soberano e desvendar a verdade por trás da morte da “Mão” anterior, aceita o convite.

De volta a Porto Real, capital da Região Sul, Robert se depara com notícias desagradáveis envolvendo o reino, entre elas; de que os herdeiros do rei deposto, Aerys Targaryen, da antiga família de dragões, planejam retornar.

Enquanto Ned Stark investiga a morte de Jon Arryn e descobre que nem todos do reino são dignos de confiança, Viserys e Daenarys Targaryen, exilados do outro lado do mar desde a morte dos pais, tentam, de fato, formar um exército para reivindicar o Trono de Ferro.

Mas nem só de intrigas políticas vivem os moradores de Westeros. Na região do Norte, muitos dos habitantes acreditam na temível ameaça dos chamados “Vagantes Brancos”, mortos revividos através de magia desconhecida. Não é à toa o lema da Casa Stark: “O Inverno está chegando”, soar como um mau presságio. De acordo com eles, a chegada do inverno traz a ameaça desses seres, também conhecidos como “Outros”.

Várias subtramas ocorrem entre o enredo principal. Histórias contadas sobre o passado ajudam a explicar acontecimentos do presente e revelam o que pode ocorrer no futuro, embora nem todas as especulações que o leitor possa fazer, sejam realmente certas, se tratando das reviravoltas que o autor dá a trama.

A Guerra dos Tronos é uma fantasia adulta. Os capítulos são mesclados de sexo, violência, estupros, infanticídios, incesto, traição, assassinatos, suspense... Eu diria que moral e desonra andam de mãos dadas pelos reinos criados por Martin. Ele parece não se importar em quebrar a expectativa do leitor, desde que sua história torne-se o mais verossimilhante possível.

Um dos fatores que considero dos mais atrativos no livro é o traçado dos capítulos no ponto de vista dos personagens. O leitor passa a entender atitudes e motivações do protagonista em foco. Em cada um deles, acompanhamos as ações do personagem, e isso nos leva a considerar a visão do envolvido de um modo que torna cada vez mais difícil a distinção em quem é mocinho ou vilão na história; em quem se pode ou não confiar. A verdade é que essa divisão de personalidade praticamente não existe. O mesmo personagem pode ser bom e mau, desatento ou esperto, destemido e atrapalhado, dependendo da situação em que se encontra.

Essa mudança de perspectiva esclarece pontos e ao mesmo tempo torna outros imprevisíveis. Não se surpreendam se identificar com algum personagem. Há vários, e de todos os tipos.

Além de interessantes por conta da complexidade de alguns personagens e suas histórias, os capítulos do livro são dinâmicos. A narrativa de George R.R. Martin é detalhista ao que é essencial. O escritor é objetivo quando se trata de descrições. Quase todos os capítulos terminam em suspense. Quando menos se espera, acabou!

Sobre a edição

A edição do livro no Brasil é da editora LeYa. A diagramação é simples com margens e letras pequenas. São 567 páginas deste primeiro volume, sem contar as incluídas no apêndice com o nome dos membros das famílias dos reinos, mapa e nota do tradutor, Jorge Candeias. A ilustração da capa é de Marc Simonetti.

Em setembro de 2015, LeYa publicou novas edições dos cinco livros já lançados - com novas artes de capa -, em formato um pouco menor, de 16 x 23 cm . Alguns fãs preferem a versão anterior. Outros relatam que acham a nova versão melhor por conta do tamanho dos livros (menos pesados). Mesmo que a quantidade de páginas sejam as mesmas, a última versão publicada é um pouco mais compactada e a fonte do texto é maior.  As duas edições são excelentes.

Por Carl Alex
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2 comentários:

  1. Sua análise pormenorizada me fascinou!
    Perfeito!!!

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    Respostas
    1. Obrigado, Fernando! Fico feliz que tenha gostado. Seja bem-vindo ao blog.

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