Se você terminou de ler A Tormenta de Espadas e se sentiu devastado, não se aflija sozinho.
Fazemos parte da elevada estatística das sofredoras vítimas de George R.R.
Martin.
O terceiro livro de As Crônicas de Gelo e Fogo é uma mistura de acontecimentos que mexe
com os sentimentos do leitor. Tudo é posto de ponta cabeça e a única certeza
que temos é de que Martin é impiedoso.
Desde que fugiu de Porto Real disfarçada de
menino, Arya Stark tem se aventurado em vários lugares, tentando voltar para
junto da família. Após tudo que testemunhou e passou durante os três livros, a
sensação que lhe resta é de que sua infância foi roubada e seu único destino é
seguir para as Cidades Livres de Bravos.
Os elementos fantásticos da história ganham
mais contorno neste livro. Mais dos mistérios que cercam o universo do autor
aparecem, representados em parte através de Bran Stark, um dos personagens que
está no centro da magia e continua sua jornada na busca do Corvo de Três Olhos.
Entre os ventos frios do inverno que se
aproxima, Jon Snow se encontra junto dos selvagens para-lá-da-Muralha
desempenhando seu papel; Jaime Lannister, que vinha sendo considerado um dos
personagens mais sem escrúpulos da história, passa a demonstrar sinais de
redenção; os valores de honra de Robb Stark é posto em cheque e Daenerys
Targaryen percorre as cidades escravagistas, guarnecida de um exército recém-adquirido,
os destemidos Imaculados.
Quando comecei a ler os primeiros capítulos
de A Tormenta de Espadas, me dei
conta que o ritmo inicial do enredo seguia tranquilo. George R.R. Martin passa
a mostrar o que os personagens estão sentindo em relação a tudo que ocorreu em A Fúria dos Reis e prepara o terreno para o que irá acontecer durante o resto deste
terceiro livro. Ainda assim, as 840 páginas não se perdem na maestria do autor
em descrever o sentido complexo que dá as ações e incertezas de seus
personagens na trama. Enquanto uns amadurecem e se tornam sensatos, outros
perdem a noção das consequências de se viver em um mundo em guerra.
Casamentos arranjados é sem dúvida a melhor
maneira de se conseguir aliados. Os resultados é que não podem ser o esperado
quando um inimigo passa a se tornar parte da família. A rede de intrigas
políticas e simbologia da traição estão bem mais presentes neste volume. O
clima de conflito criado em alguns capítulos levam os personagens a mudar
radicalmente. Nada é tão certo, nada é seguro – Valar Morghulis!
A partir de certo ponto na história o leitor
é atingido por uma avalanche de reviravoltas e revelações que até então não
imaginava ser possível. Encontramos sentido de muitas questões que nos
atormentam desde o primeiro livro. O alívio da compreensão, porém, dura pouco.
Em uma simples virada de página, George R.R. Martin é ousado e se atreve a
fazer o que poucos escritores se arriscariam.
O destino dos personagens e o rumo da
história em si mudam completamente.
O escritor consegue desestruturar tudo que
construiu sem perder o foco. As Crônicas
de Gelo e Fogo acaba por se tornar uma saga bem escrita com uma composição
de humanidade e elementos bem desenvolvidos.
As pontas soltas na trama se ligam no fim
enquanto outras são quebradas. Somos desafiados a refletir e entender o que
está se passando. Curiosidade se torna aliada e inimiga do leitor atento. É
quase impossível caracterizar um padrão e aprofundar um único seguimento na
história. E nesse indício, são essas variáveis criativas que fazem a história ser
cada vez mais imprevisível e fantástica.
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