As mais de 800 páginas de A Dança dos
Dragões d’As Crônicas de Gelo e
Fogo, de George R.R Martin rederam bons dias de leitura. Ao final o abismo;
Martin mais uma vez surpreendeu.
Neste quinto volume da saga acompanhamos a história
da maioria dos personagens ausentes em O Festim dos Corvos (4º) e,
finalmente, tomamos conhecimento de seus rumos após eventos dos últimos
capítulos de A Tormenta de Espadas (3º). O ritmo ativo do autor
retorna em grande estilo depois da moderação no livro anterior, e compõe partes
importantes da história, principalmente a de Daenarys Targaryen. O título
do livro já dá sua dica; é na Mãe dos Dragões que grande parte dos capítulos
estão distribuídos e, mesmo Jon Snow tendo sua parcela excessiva de narrativa –
algumas até arrastadas demais – é a rainha de Meereen que preenche muitos dos grandes momentos do livro.
A Targaryen questiona suas próprias decisões e
percebe que governar uma cidade não é tarefa fácil. Agradar a todos e manter a
paz entre grupos inimigos requer sacrifícios, muitos nem sempre com resultados
positivos. Enquanto dois de seus dragões, Viserion e Rhaegar, continuam presos,
Drogon, o maior deles, permanece desaparecido. Rumores de suas supostas
atrocidades se espalham por Meereen,
e Dany se divide entre a desconfiança e preocupação.
A aparição do dragão negro marca o enredo da
personagem; é incrível e aterrorizante ao mesmo tempo.
Na Muralha, Jon Snow se revela mais Comandante do
que nunca. Seu envolvimento com o Rei Stannis, apesar dos traços de honra, é
sempre cauteloso. E se a relação dos dois transpira a sensação de aliança, o
que esperar do recrutamento com o Povo Livre (Selvagens)? Pode não parecer no
início, mas o bastardo de Winterfell aos poucos vai deixando sua marca, fazendo
a trama em seu núcleo finalmente acontecer. A sensação que se tem é que Jon
está preparando o terreno para algo maior que está por vir – e não se trata
apenas do inverno.
No navio onde Tyrion se encontra, e onde passa a
maior parte do livro, várias subtramas ocorrem envolvendo ele próprio e outros
personagens importantes. Mais de uma vez Tyrion usa sua mente afiada para
escapar da morte, chegando a se envolver – não tão ativamente – em batalhas. O
traço cômico do personagem permanece, mas neste livro com uma dosagem menos
frequente e, em algumas partes, com certa morbidez; creio que por consequência
dos últimos acontecimentos ocorridos antes da fuga de Porto Real.
Ainda vítima de torturas, Theon Greyjoy sofre como
“Fedor”. O personagem passa maus bocados, mas protagoniza cenas inesperadas em
seus últimos capítulos. A desconstrução que Martin faz de Theon é
surpreendente.
Em mais da metade do livro, as histórias dos
personagens se unem novamente e descobrimos o rumo de personagens como Victarion
Greyjoy, Arya Stark, Cersei e Jaime.
Arya descobre que seus treinamentos estão apenas
começando. A garota destemida está disposta a enfrentar qualquer desafio para
cumprir seu “destino”. Cersei sente o gosto de ser humilhada e se decepciona
com Jaime, culpando-o por parte do que está ocorrendo com ela. O que a Rainha
Regente não sabe é que ele enfrenta percalços de uma traição inesperada.
O epílogo do livro parece não corresponder às
expectativas que se tem da obra, mas é só nas últimas páginas que os nós se
amarram e outras pontas acabam soltas para, certamente, serem atadas nos
próximos livros – particularmente considerei o fim espetacular. E agora? Só nos
resta esperar o inverno, a ameaça dos dragões e... O sexto livro!
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