A BRUXA, de Robert Eggers

Há, em 1630, na Nova Inglaterra... Uma bruxa

Quando a tela se iluminou, uma família surgiu. Pai. Mãe. Cinco filhos. Os dias dedicado à colheita de milho e à criação de cabras, morando em uma fazenda ladeada por uma floresta silenciosa...
A Bruxa (Canadá, 2016) apresenta uma narrativa com uma essência peculiar. Há a necessidade de fazer-nos sentir a desolação da época e a presença constante da religião como forma de aplacar as forças do mal, mantendo-as na escuridão, sempre distante.
A família do casal William e Katherine vive em um período onde o passado ficou para trás na Inglaterra, além do oceano, tendo que viver agora diante de uma realidade sôfrega na América. O moradores das colônias inglesas, naquela época, mantinham a religião como forma de se mostrarem superiores aos desígnios daquela terra bárbara, coexistindo com o misticismo que reafirma as Palavras Sagradas como única forma de se viver uma vida plena e em paz. No decorrer da narrativa, entendemos que a família terminou por ser expulsa do local onde a colônia se organizava, por possuir uma fé diferente daquela permitida, passando a morar em um local isolado. 
O Diretor norte-americano, Robert Eggers, recontou um ambiente onde a fé precisa prevalecer, e aqueles que dela se distanciarem merecem o abandono, e, na maioria dos casos, a morte. Então, um dia, o bebê recém-nascido desaparece à beira do bosque. A aversão ao oculto logo dar-lhes uma resposta ao que aconteceu. A Bruxa. A bruxa que habita a floresta, correndo entre os seixos levou a criança. No entanto, o ato de renegar tal "verdade" os obriga a criar outra explicação: "Um lobo! Um lobo levou o nosso Samuel." Enquanto buscam respostas, o medo começa a corroer a família. O Mal que vive na floresta começa, então, a tentar a crença religiosa, pondo-a em xeque. 
Filme premiado com o título de melhor direção no festival de Sundance em 2015, A Bruxa retem o mesmo sentimento que ganhará maior repercussão histórica anos depois ao seus período contextual. Na História dos E.U.A, em 1692, em Salem,  colônia de Massachusetts, onde hoje é a cidade de Danvers, várias pessoas foram condenadas â forca diante de sequenciais acusações de feitiçaria. O mesmo enredo foi recontado na literatura, em 1953, na peça As Bruxas de Salem (The Crucible), pelo escritor Arthur Miller. Segundo ele, o texto surgiu em resposta ao período de perseguição estadunidense em que o governo perseguia pessoas acusadas de comunismo. 
O filme apresenta uma produção bem elaborada que, apesar de ser uma criação Americana, muito lembra técnicas inglesas, como posicionamento de câmera e cenas estáticas que focam na melancolia e iluminação baixa para contribuir com a narrativa, elevando sua pontuação no quesito fotografia. Creio que isso aconteça, em parte também, para reafirmar a origem das personagens. A trilha sonora igualmente funciona como na maioria dos filmes do gênero: elevar a tensão. No entanto, como eternos versados na arte da repetição de técnicas, sempre que determinada nota sonora se adensa, involuntariamente buscamos surgir qualquer figura irreal nos cantos da tela ou à espreita, atrás de um dos membros da família. 
O filme ganhou maior furor nos últimos meses graças a um poste feito pelo "mestre do suspense", em sua rede social:
"A bruxa me assustou pra caramba! E é um filme de verdade, tenso e instigante, bem como visceral”

Qualquer um que tenha lido, no mínimo, três livros de King sabe quais pontos chamaram a atenção do "Rei": a perseguição religiosa, o fanatismo que demarcam categoricamente, e muitas vezes de forma erronia, o Bem e o Mal, e o enredo bem construído que não busca explicar os fatores que ali existem, apenas nos permitem contemplar os resultados destes sobre as figuras envolvidas. Isso bastou para atrair a atenção do público voraz, faminto pela necessidade de ser assustados por uma boa trama. 
Na página do site Filmow, A Bruxa recebeu a avaliação de 3,6 para 5,0. Contudo, este é um daqueles filmes que vai muito pelo lado pessoal de cada um, pelo quanto visceral você está disposto a se doar à trama... e ao seu desfecho. 

Luvanor N. Alves

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